Publicações: Livros e
Capítulos em Livros

Contrastando com os itens disponíveis na aba Artigos, quase sempre textos técnicos sobre temas de linguística e neurociência da linguagem, o enfoque nesta aba de Capítulos  é mais didático. Vejam,  por exemplo, o Manual  A Linguística no Século XXI,  que tem um formato original e procura dar mais agentividade ao leitor que se inicia nos estudos linguísticos.  Há também na lista muitos capítulos inseridos em ótimos livros voltados à graduação e ao público em geral interessado em Linguística.  Primeiro mostramos os livros escritos ou organizados por nós. Logo em seguida vem os Capítulos em livros de divulgação científica.

Livros

FRANÇA, A. I.; FERRARI, L.V.; MAIA, M. A Linguística no século XXI: Convergências e divergências no estudo da linguagem. São Paulo: Contexto, v.1. p.260 , 2016.

A Linguística no Século XXI: Convergências e Divergências no estudo da linguagem, publicado pela Contexto em 2016, é um livro com um formato inovador que busca resgatar interlocução produtiva de várias áreas da linguística que geralmente não conversam. Apresenta um conjunto de conhecimentos disponíveis na área, com o objetivo de situar o leitor quanto às questões mais relevantes do debate interdisciplinar sobre a cognição de linguagem no homem, ressaltando os pontos consensuais entre as abordagens teóricas disponíveis e também corajosamente apontando as divergências entre elas, de forma clara e didática. Nesse sentido, foram selecionados três temas mais formadores de convergência para compor a Parte I. Em seguida, na Parte II, três dicotomias que ressaltam as divergências são expostas em detalhes. Cada um dos seis capítulos tem um texto principal, nos quais ideias fundamentais são expostas de modo panorâmico. Em seguida, dois textos de apoio aprofundam as ideias do texto principal. Ao final de cada capítulo, alguns projetos oferecem temas práticos a serem desenvolvidos pelos leitores.
​A obra é fruto do encontro de três professores de Linguística que, apesar de não comungarem exatamente dos mesmos recortes teóricos se ressentem em sua prática da necessidade de explicitação das convergências e das divergências  teóricas, não só em prol de uma melhor formação dos alunos e leitores, mas também em prol do avanço da pesquisa linguística.

FRANÇA, A. I. (Org.) Linguística para Fonoaudiologia: Interdisciplinaridade aplicada. 1. ed. São Paulo: Contexto Universitário, v. 1. 272p. 2022.

Linguística para fonoaudiologia explica como o conhecimento de Linguística e a pesquisa nesse domínio são indispensáveis para informar e orientar os profissionais, estudiosos e pesquisadores de Fonoaudiologia, assim como os terapeutas em todas as áreas das ciências cognitivas.Os autores constroem um panorama didático atual e instigante para uma compreensão verdadeiramente aplicada dos conceitos dos principais níveis e temas linguísticos: Sintaxe, Variação, Fonética, Fonologia, Psicolinguística, Neurociência da Linguagem, Pragmática, Linguagem e Surdez, Linguagem e Afasia.
A argumentação teórica é apresentada por linguistas que ensinam nos cursos de Fonoaudiologia e conhecem a necessidade prática dos leitores. E cada ponto teórico é ilustrado por estudos de casos apresentados por um fonoaudiólogo, coautor de cada capítulo. Essa abordagem integrada de linguistas e fonoaudiólogos é enriquecida com referências ao estado da arte dos recursos clínicos.

 

Capítulos

FRANÇA, A. I. ; MAIA, M. (Orgs.) Papers in Psycholinguistics:  Proceedings of the First International Psycholinguistics Congress. ANPOLL’s Psycholinguistics Work Group. Ed. Imprinta, Rio de Janeiro, 1a Edição, 452 páginas, 2010.

Psycholinguistics in the twenty first century is an inextricable part of cognitive science. It has revealed a much tighter interface between biology and linguistic behavior than it once did back in 1951, the year that counts as its historical inauguration during the Social Science Research Council Conference at Cornell University. In Brazil, the field started some twenty years after it had started in the US and Europe. So, since the late 7O’s early 80’s, we have been growing into an interdisciplinary wealth of researchers. The Psycholinguistics Workgroup of ANPOLL (National Association of Graduate Programs and Research in Languages and Linguistics) was the first Brazilian Psycholinguistics forum. – It was created in 1987, during a Curitiba Meeting, and had Professor Leonor Scliar as its first coordinator and mentor. Our Workgroup will hold next year its 22nd biennial meeting. It currently gathers 25 researchers from several Brazilian Universities as well as over 40 graduate students. 

This book with the proceedings of the event has nine chapters covering different areas of Psycholingufstics. Although it shows a lot of what was presented in the meeting, it stands just as a sample of the activities that took place from 8:30 am to 7 pm in the mini-courses, symposia, lectures, posters and debates. Most importantly, the many accounts in it help experimentalists to make the point that there is “no escape from experimenting with syntax” since we cannot be aware of the many syntax-semantic decisions we take in splits of second and cannot account for the number of balls in the game when we are speaking and understanding speech in real time (Cf.Rodrigues, 2010, Chapter 9.2 in this volume). We must experiment with syntax from different angles and methodologies, until we really prove or refute theory-driven hypotheses and get a glimpse at what goes on in the brain when we use language cognition. 

FRANÇA, A. I. O que é Neurolinguística. In: A Linguística hoje: Múltiplos Domínios (Org.)  Gabriel da Ávila Othero e Valdir do Nascimento Flores.  ed. Contexto : São Paulo, SP v. 1. p. 149-162, 2023.

Uma propriedade inexorável e também maravilhosa das línguas naturais é a mudança. As línguas têm plasticidade em sua essência e, por isso, se adaptam e se transformam sempre, de acordo com o espaço e os grupos sociais e principalmente ao longo do tempo. Geração após geração, as pronúncias se modificam, a morfologia se desenvolve ou decai, novas palavras são tomadas em empréstimo ou inventadas, e o significado de palavras antigas muda para se adequar a novos contextos sociais, sempre conforme os princípios que restringem as línguas naturais. Fato é que a própria palavra neurolinguística, tema deste capítulo, vem tendo uma vida bem animada, e já passou por renegociações de sentido e ambiguidades, nos seus quase 200 anos de vida, desde sua concepção, nascimento e uso até os dias de hoje. Para investigar este longo percurso, vamos começar na França do fim do século XIX, com Pierre Broca e os estudos de afasia e vamos seguir até os dias de hoje, em que neurolinguística é sinônimo de tecnologias não invasivas de verificação fisiologia cerebral. 

O texto discute o investimento em mudanças polêmicas no português – elucubra sobre a inclusão de um pretenso sistema de evidencialidade e analisa o corrente uso, ainda incipiente, de um sistema de gênero neutro – suas necessidades, conveniências e consequências. Fala também de relatividade linguística e de responsabilidade social.

FRANÇA, A. I. O que é afasia? In: O que sabemos sobre Linguagem: 51 perguntas e respostas sobre a linguagem humana. (Org.)  Gabriel da Ávila Othero e Valdir do Nascimento Flores.  ed. Parábola Editorial: São Paulo, SP v. 1. p. 15-21, 2022.

A comunicação com o afásico requer boa vontade e paciência do interlocutor para decifrar a mensagem. E talvez precise de um ingrediente a mais, que será revelado ao longo deste capítulo.  Para conseguirmos entender a afasia sob o ponto de vista do afásico, precisamos apreciar que a linguagem é certamente a cognição mais sofisticada da espécie e também a única exclusiva do ser humano.  A linguagem facilita o encadeamento dos nossos pensamentos e nos conecta de forma direta com as outras pessoas. Perder a linguagem é afetar o cerne de quem somos e também significa suprimir ou prejudicar em ampla medida nossa principal estratégia de sociabilidade. Infelizmente, a afasia é um acometimento bastante comum. No Brasil não se tem estatística, mas de acordo com a National Aphasia Association (NAA), há mais de dois milhões de pessoas com afasia atualmente nos Estados Unidos. Os sintomas aparecem em consequência a lesões no hemisfério esquerdo do cérebro, especificamente nas áreas de processamento linguístico.

Gomes, J;  Garcia, D, C; Maia, M; França, A.I. Eletrofisiologia da decomposição morfológica em Karaja p236-255.   In: MARCUS MAIA(ed)  Psicolinguística: Diversidades, interfaces e aplicações, Editora contexto,  288pp, Editora Contexto, São Paulo , SP, 2022.

A Psicolinguística vem se firmando cada vez mais no panorama científico mundial, com teorias e métodos que tem permitido avançarmos na compreensão das relações entre a linguagem a mente. Entretanto, muito se argumenta que o foco dos estudos não é abrangente, diverso e representativo suficiente. Além disso, os fatores tomados como variantes independentes nem sempre incluem de forma apropriada, de fato, etnicidade, grau de escolaridade, letramento, bilinguismo ou multilinguismo, sexo biológico, identidade de gênero, diferenças etárias, diatópicas, diastráticas, diafásicas, e diamésicas. Esse livro traz um avanço no mapeamento de todas essas questões, com capítulos que focam na diversidade de populações, nas variáveis, nas técnicas e nos modelos de análise, bem como nas interfaces e aplicações da psicolinguística. O capítulo 13 Eletrofisiologia da decomposição morfológica, de autoria de Juliana novo Gomes, Daniela Cid de Garcia, Marcus Maia e Aniela Improta França apresenta parte de um trabalho de campo com falantes Karajá, língua do tronco linguístico Macro-G localizados na região central do Brasil, em uma experiência pioneira utilizando no campo protocolos experimentais da psicolinguística fora do ambiente controlado do laboratório. Examinamos a natureza de efeitos morfológicos nos estágios iniciais e tardios, do reconhecimento visual de palavras, a partir da coleta à análise neurofisiológica com EEG-ERP em uma tarefa de decisão lexical com falantes karajá . O objetivo foi identificar um estágio de decomposição e morfemas levando-se em consideração a complexidade morfológica e o tamanho de palavras. Comparamos palavras morfologicamente complexas com três camadas morfológicas e palavras simples  com apenas uma camada.

FRANÇA, A. I. O Problema de Broca In: Chomsky: A Reinvenção da Linguistica.1 ed. São Paulo: Contexto, v.1, p. 175-197, 2019.

Chomsky: a reinvenção da Linguística, um lançamento da Contexto em 2019, é seguramente um dos melhores livros publicados no Brasil sobre esse grande linguista. A obra reúne professores e pesquisadores, de diversas universidades de diferentes estados brasileiros, que apresentam a origem, a evolução e os rumos do pensamento científico de um dos maiores linguistas de todos os tempos: Avram Noam Chomsky. Com este livro, o leitor compreenderá o poder do paradigma chomskyano nos estudos da linguagem que reinventou a Linguística no início da segunda metade do século XX, inaugurando uma agenda de pesquisa que se manteve fecunda ao longo dos anos e que ainda hoje permanece em plena atividade e vitalidade. “Os esclarecedores capítulos reunidos aqui analisam e investigam questões fundamentais que orientaram a investigação da gramática gerativa desde a metade do século XX.” – Noam Chomsky.
O artigo O PROBLEMA DE BROCA (p. 175), de  autoria de Aniela Improta França (UFRJ), explora ângulos pouco visualizados do assunto da localização do sítio da linguagem no cérebro. É um texto importante porque refaz cuidadosamente as ligações entre Gramática Gerativa e Noam Chomsky e a neurociência da linguagem de Broca à Poeppel e Hicock.

FRANÇA, A. I.; GOMES, J.; Soto, M.; MANHAES, A. G. Cérebro e leitura: Educação, neurociência e o novo aluno na era do conhecimento In: Psicolinguística e Educação.1 ed. São Paulo: Mercado das Letras, v.1, p. 221-250, 2018.

Apresentando e discutindo questões teóricas relevantes, revisando pesquisas, reportando experimentos psicolinguísticos e neurocientíficos, Psicolinguística e Educação, livro que saiu publicado pelo Mercado das Letras em 2018, organizado pelo Professor Marcus Maia (UFRJ) pretende alcançar não só alunos e professores dos cursos de graduação e pós-graduação em Linguística, Letras, Comunicação, Pedagogia, Fonoaudiologia e Psicologia, entre outros, mas também e, principalmente, docentes em formação ou já atuando nos níveis fundamental e médio no Brasil, oferecendo-lhes, em linguagem clara e objetiva, ideias inovadoras, com potencial para contribuir de modo significativo com o desafio de melhorar as competências linguísticas de seus alunos nas escolas. 
Encerrando o volume, está o capítulo Cérebro e leitura: Educação, Neurociência e o novo aluno na Era do Conhecimento, de autoria de Aniela Improta França, Aleria Lage, Juliana Novo Gomes, Marije Soto e Aline Gesualdi-Manhães. O capítulo avalia, inicialmente, a situação dramática da educação brasileira, como o fazem vários autores de capítulos no presente volume. Analisando os aspectos nefastos do que, seguindo Darcy Ribeiro, denominam de “projeto educacional brasileiro”, as autoras apontam um caminho de superação através da Neurociência, capaz de reencontrar o novo aluno, na era digital. Tomando por base o experimento clássico de N400, as autoras projetaram, no âmbito do Laboratório LER da UFRJ, um teste através do qual investigaram se um grupo de alunos do Ensino Fundamental estava, de fato, lendo ou tentando deduzir ou adivinhar as palavras a partir de pistas contextuais. As autoras concluem que o teste de extração de potenciais bioelétricos relacionados ao evento da leitura se mostrou um ótimo indicador da discrepância entre a boa leitura e aquela que tem uma porção de dedução ou adivinhação, podendo vir a subsidiar mediações inovadoras, a fim de impactar o desenvolvimento pessoal do novo aluno na Era do Conhecimento.

MAIA, M; FRANÇA, A.I.; LAGE, A.; GOMES, J.N.; SOTO, M.; MANHAES, A. G. The Processing of PP Embedding and Coordination in Karajá and in Portuguese. In: Recursion across Domains.1 ed. Cambridge: Cambridge University Press, p. 334-355, 2018.

Recursion Across Domains, 2018, Cambridge University Press
In Session 6, Recursion in the PP Domain,  Maia, França, Gesualdi-Manhães, Lage, Oliveira, Soto, and Gomes present results of psycholinguistic picture-matching tests and electrophysiological experiments run with Karaja and Brazilian Portuguese (BP) subjects. The sharp article The processing of PP embedding and coordination in Karajá and in Portuguese indicates that recursive PP constructions were more difficult to process than coordinated PP constructions across all languages tested. However, the on-line electrophysiological test suggested that once participants were engaged in the recursive algorithm, subsequent embeddings seemed to be facilitated. In PP embedding, it more salient ERP component was found dooms after the first PP, probably connected in the’ recursion condition with integration efforts. In contrast, the Ndoo in coordination was less salient. Crucially, in comparison with the first embedded PP, the next embedded PP shows shorter latencies in all the relevant regions of interest, demonstrating that the processing of the PPs seems to be facilitated after one enters the recursive mode. Based on these results, the authors conclude that recursion can be viewed as the result of an algorithm that is costly to launch, but once established, does not pose increasing effort for the system. This study, together with the others in this part of the book, therefore establishes the existence of a ‘coordination default’ encountered across production, processing, and acquisition in the case of multiple PPs, but one that can nonetheless be overridden.

FRANÇA, A. I. Neurociência da Linguagem In: Psicolinguística, psicolinguísticas. Marcus Maia (Org).  2 ed. São Paulo: Contexto, p. 171-188, 2015.
 

Os estudos psicolinguísticos vêm contribuindo decisivamente para entendermos como funciona a linguagem humana. Neste livro, o leitor terá contato com os múltiplos caminhos que esses estudos podem seguir. Os capítulos que compõem a obra foram escritos por psicolinguistas atuantes nas diferentes especialidades e apresentam de forma direta e clara suas principais questões e métodos, sem perder, no entanto, o foco unificador – a Psicolinguística, a ciência da cognição da linguagem. Voltado especialmente para estudantes universitários da área de Linguística, este livro aponta os primeiros passos para aqueles que desejam percorrer algum (ou alguns) desses caminhos.
A contribuição de Aniela Improta França, que iniciou a área de Neurociência da Linguagem no Brasil no início dos anos 2000,  está no capítulo 12. França apresenta uma revisão geral já bem sedimentada acerca dos estudos da Neurociência da Linguagem, enquanto  estudo da cognição da linguagem como Neurociência. Nesse sentido, é uma ciência nova, que traz como proposta um nível de complexidade de pesquisa ainda a ser descoberto. Isso porque a neurociência da linguagem, ao olhar para a fisiologia cerebral, possibilita novidades para a pesquisa linguística. França apresenta também dados históricos  fundamentais sobre essa nova neurociência e  que nos permite contrastar essa ciência com a Neurolinguística e também com a Programação Neurolinguística (PNL) França apresenta ainda como são realizados os experimentos de linguagem e como estudar os fenômenos. Para isso, ela aborda e explica algumas das técnicas, como ERPs, EEPG e fMRI. Como grandes linhas de investigação, França destaca a verificação do curso temporal do processamento, oposições entre Modelos Seriais e Modelos Conexionista e estudos envolvendo a aquisição da linguagem.
Aniela Franca on ResearchGate